segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Na esteira de Lula, Dilma inicia hoje primeira visita à África



Presidenta passará por África do Sul, Moçambique e Angola; continente teve papel estratégico na política externa do ex-presidente

iG São Paulo | 17/10/2011 06:27

A presidenta Dilma Rousseff inicia na segunda-feira sua primeira visita à África desde sua chegada ao Palácio do Planalto. O roteiro da presidenta inclui passagens pela África do Sul, Moçambique e Angola, e segue os passos de seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-presidente, que dedicou à África boa parte da agenda diplomática de seus oito anos de mandato, costumava repetir que seu sucessor teria que fazer mais que fazer mais pelo continente do que fez seu governo.

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Dilma terá seus primeiros compromissos oficiais na terça-feira em Pretória, capital administrativa da África do Sul. A presidenta será recebida pelo colega Jacob Zuma e tem presença confirmada no fórum IBSA, que reúne representantes da Índia, Brasil e do país anfitrião. Na pauta da reunião estão temas como a crise financeira global e as soluções propostas pelos três países para a próxima cúpula do G-20, que ocorrerá em Cannes, na França, em novembro.


Foto: AE
Dilma embarca com a tarefa de dar continuidade à política iniciada durante a gestão de Lula
No encontro, serão revistos também projetos de cooperação em setores como defesa, energia, ciência e tecnologia, segundo fontes diplomáticas brasileiras. Especula-se que possa ser discutida a retomada de conversas para colocar em órbita dois satélites com fins científicos.


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Após o encontro, Dilma segue para Moçambique e Angola. Os dois países de língua portuguesa lideram a lista de parceiros comerciais do Brasil no continente e estiveram entre as prioridades da política de Lula.

Durante seus oito anos de mandato, Lula realizou pelo menos uma dúzia de viagens à África, com direito a visitas a aproximadamente 30 países. O ex-presidente, tradicionalmente, investia em discursos sobre a cooperação sul-sul e em reflexões sobre a dívida que vê no Brasil em relação à África em decorrência da escravidão.

Moçambique foi o último país africano que Lula visitou como presidente, em novembro do ano passado. Dilma irá a Maputo na quarta-feira, onde se encontra com autoridades locais e participa da cerimônia do 25º aniversário de morte do primeiro presidente moçambicano, Samora Machel. Em Moçambique, o Brasil tem interesses nos setores de mineração, logística e energia, e desenvolve diversos projetos de cooperação nas áreas da saúde e educação.


Foto: AFP/AFP
Lula fez dezenas de viagens à África, embasadas em reflexões sobre a dívida brasileira por causa da escravidão e a necessidade de cooperação sul-sul
Na quinta-feira Dilma chega a Angola, onde almoça com o presidente, José Eduardo dos Santos, e se encontra com empresários brasileiros instalados no país. A Angola é um dos principais parceiros comerciais do Brasil na África, com um fluxo comercial que chegou a US$ 1,441 milhões em 2010. Grupos brasileiros hoje possuem operações em áreas como petróleo, mineração e principalmente construção civil.

De acordo com o Planalto, Angola e Brasil também negociam uma cooperação no combate ao tráfico de drogas. O Brasil e a África se transformaram nos últimos anos em importantes rotas da cocaína que vai para o mercado europeu.

*Com informações da EFE

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Três mulheres dividem o Nobel da Paz de 2011


Presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, foi premiada por atuação para mobilizar as mulheres liberianas contra a guerra civil no país.

Três mulheres dividirão o Prêmio Nobel da Paz deste ano, anunciado nesta sexta-feira em Oslo - a presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, a ativista Leymah Gbowee, também liberiana, e a jornalista e ativista iemenita Tawakkul Karman.

Johnson-Sirleaf e Gbowee foram escolhidas pela atuação para mobilizar as mulheres liberianas contra a guerra civil no país, enquanto Karman foi premiada por sua luta pelos direitos das mulheres e pela democracia no Iêmen.

A escolha deste ano deve ser vista como um forte sinal do comitê do Nobel em favor da luta pela igualdade de direitos entre os gêneros, especialmente no mundo em desenvolvimento.
As escolhas do Nobel da Paz dos últimos anos foram cercadas de polêmica.
No ano passado, o escolhido foi o ativista chinês Liu Xiaobo, que cumpre uma pena de 11 anos em prisão domiciliar na China por organizar um manifesto pró-democracia. O governo chinês protestou contra a escolha, afirmando que Liu é um "criminoso que violou a lei chinesa".
Em 2009, o premiado foi o presidente americano, Barack Obama, que tinha menos de dez meses no cargo.

Obama havia herdado de seu antecessor, o republicano George W. Bush, um país imerso em duas guerras, no Iraque e no Afeganistão, e não conseguiu até hoje cumprir sua promessa de campanha de desativar a prisão da base americana na baía de Guantánamo, em Cuba, onde teriam sido cometidos abusos aos direitos humanos dos presos, capturados durante a chamada "Guerra ao Terror".

Recorde de indicações
As vencedoras do prêmio – escolhido por um comitê formado por cinco membros – receberão uma medalha de ouro, um diploma e dividirão 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 2,7 milhões) em uma cerimônia em Oslo no dia 10 de dezembro.
O Nobel da Paz deste ano teve um número recorde de indicações, com 241 indivíduos ou instituições.

Entre as especulações que circularam antes do anúncio do prêmio, estavam nomes relacionados aos levantes da Primavera Árabe, como os ativistas egípcios Esraa Abdel Fattah e Ahmed Maher, fundadores do movimento jovem 6 de abril, o executivo da Google Wael Ghonim, que ajudou a inspirar os protestos contra o governo na praça Tahrir, no Cairo, ou a blogueira tunisiana Lina Ben Mhenni, que relatou pela internet os acontecimentos em seu país.
Outros nomes de possíveis ganhadores citados antes do anúncio incluíam o dissidente cubano Oswaldo Payá, a TV árabe Al Jazeera e a União Europeia.
O Prêmio Nobel da Paz é um dos cinco prêmios criados pelo industrial Alfred Nobel, inventor da dinamite.

O Nobel da Paz é o único deles cujo comitê de escolha fica baseado na Noruega. Os demais prêmios são entregues na Suécia.