sábado, 17 de novembro de 2007

Baleia é achada viva, encalhada em areia do rio Tapajós, no PA

16/11/2007 - 08h14

KÁTIA BRASIL
da Agência Folha, em Manaus

Ribeirinhos de uma comunidade extrativista de Belterra, no Pará, encontraram na terça-feira (13) uma baleia viva encalhada em um banco de areia no rio Tapajós, região central da Amazônia. O animal está a cerca de mil quilômetros de distância do oceano Atlântico.

A suspeita é a de que a baleia tenha se perdido de sua rota e entrado no estuário do rio Amazonas pela ilha de Marajó. O rio Tapajós é um afluente do rio Amazonas.

O achado foi comunicado via rádio para o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) de Santarém (PA), que solicitou apoio ao IBJ (Instituto Baleia Jubarte). Com sede em Caravelas (BA), desde 1994 o instituto tem experiência em desencalhes de cetáceos.

"Uma baleia na Amazônia é muito atípico", disse Kátia Groch, médica-veterinária do IBJ. "Ela pode ter se desorientado de sua rota, talvez devido a uma doença. Só teremos certeza examinando-a."

O biólogo Daniel Cohenca, gerente-executivo do Ibama de Santarém, disse que a baleia é provavelmente da espécie minke (Balaenoptera acutorostrata) e tem cerca de cinco metros de comprimento. Está encalhada perto da comunidade de Piquiatuba, que fica dentro da Floresta Nacional do Tapajós.

A imagem de uma baleia na floresta amazônica causou surpresas aos ribeirinhos. "Tem gente que não acredita como um animal desse sobreviveu na água doce", disse Cohenca.

Ele afirmou que é possível que a baleia esteja há mais de dois meses no rio Tapajós, que tem águas profundas e transparentes. Ribeirinhos estavam comentando que uma "cobra grande" havia sido vista no rio. Crianças chegaram a ser orientadas a não nadar na região.

Daniel Cohenca disse que ontem equipes de biólogos do Ibama já se deslocaram de carro e barco para a comunidade do Piquiatuba --Belterra fica a 150 km de Santarém-- para interditar a área na qual foi encontrada a baleia. A equipe aguarda a chegada do médico-veterinário Nilton Marcondes, do IBJ, para iniciar o resgate do animal e devolvê-lo ao mar.

Groch afirmou que a probabilidade de a baleia sobreviver é pequena. A alta temperatura da água pode ressecar a pele do animal. "Ela está fora do seu habitat normal, numa condição atípica, estressada, muito longe do oceano. A probabilidade de sobreviver é baixa."

A comunidade do Piquiatuba, de 74 famílias, tenta amenizar o ressecamento da pele da baleia jogando água nela.

Todo ano, equipes do IBJ percorrem uma área de aproximadamente 600 km entre o município de Regência, no norte do Espírito Santo, e Nova Cabrália, no extremo sul baiano, procurando obter informações sobre encalhes e morte acidental ou intencional de cetáceos. Neste ano, as equipes encontraram 15 baleias encalhadas. Nenhuma sobreviveu.

Fonte: Folha Uol

http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u346068.shtml

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